quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O Guardião

No dia que fui
deixar sementes
no verde do jardim
perto da água corrente
foi eu quem ganhou o presente:
Você veio me visitar
oculto entre as folhas do lugar
me cuidou e me ensinou 
a olhar.

Me deu uma flor amarela
para eu lembrar
que também sou ela.

Me viu molhar os pés
na água fria
que fluía e me trazia
folhas, marcas e vida,
luzes que não conhecia.


Vi ali você de guarda
enquanto eu aprendia.
Vivi ali a certeza
do dia
a clareza do sim
o presente do agora
tudo o que eu não tinha.

Fui embora distraída
sem nem agradecer 
a acolhida
só aprendi depois
como é tão séria a vida.




Escrevo agora
pequena e contida
estou agradecida
pelo dia que fui abraçada
pela cura da mata nativa.

Recebi amor puro
e mais uma lição de vida.

Ao fundo 
o voo da borboleta
chama para que eu veja
que você ainda me guarda
tão sério como guarda o mundo.



Anita Coutinho 
Dezembro 2017